O clássico dos clássicos, mas apenas um lado estava pensando dessa forma, e esse lado vestia preto e branco.
E as cores ilustraram bem a partida. Uma superstição ridícula fez o time mandante jogar de branco, pois outrora tinha vencido o time rival pelo placar de 6 a 1, usando essa cor. Superstição não ganha jogo, e também, com a camisa azul, nada teria mudado, porém o branco ilustrou bem o espírito do Cruzeiro na grande final da Copa do Brasil: "Paz". Um time completamente "na paz".
O Cruzeiro entrou em campo e logo nos primeiros minutos, mostrou-nos incrédulos a vencer o rival, ainda mais com diferença de gols. O Cruzeiro deveria ter entrado com mais gana, com a "faca nos dentes", avançando a marcação, pressionando e encurralando o adversário. Nada disso foi visto. Um time atônito, sem garra, sem brio, praticamente sem interesse. Deu grande espaço para o Atlético, que jogou como quis, passeando na frente de 40 mil cruzeirenses.
Errando muitos passes bobos, ligações diretas, ali não parecia que estávamos vendo o campeão brasileiro de 2014, e sim, um time qualquer. Méritos sim para o rival, que jogou muito bem, num excelente esquema armado pelo técnico Levir Culpi, o ex "Le-vice". Mas a grande diferença foi a raça e a qualidade técnica do adversário, que sobrou na partida. Dominou o primeiro tempo, fez um gol, poderia ter feito dois, três ou mais, não seria absurdo.
O Marcelo Oliveira é um grande técnico, mas desde que está no Cruzeiro, não encarnou o espírito do clássico, mesmo tendo origem atleticana. Clássico é diferente, é jogo de vida ou morte, mesmo sendo amistoso, e ontem foi final da Copa do Brasil, e o time não esteve imbuído a ganhá-la.
Fatores atrapalharam, claro: o desgaste dos jogos talvez foi o principal, pois enquanto o rival descansava 15 dias, o Cruzeiro ganhava o Campeonato Brasileiro, que também pesou na partida. Parecia que o Cruzeiro entraria com tudo, buscando outro título, mas o que se viu, foi: "Ah, já temos o Brasileiro, amanhã estamos de férias, ganhar isso pra quê?" Enquanto o rival veio com toda a gana que um campeão deve ter.
Tecnicamente o campeonato Brasileiro é mais importante que a Copa do Brasil, mas ontem as coisas mudaram. O rival consegue um feito histórico, dando à torcida deles argumentos eternos de gozação. A Copa do Brasil ganhada ontem valeu por mais de 100 anos de história dessa rivalidade, valeu por todos os títulos, e mesmo com o Cruzeiro tendo imensa supremacia nesse quesito, o rival, agora, vai estar sempre por cima, por ter essa vantagem conquistada ontem; por ter vantagem nos confrontos diretos, por ter, mesmo que bisonha, a maior goleada nos clássico e por ter mais títulos mineiros.
A história é reescrita, e com a clareza que, em títulos, o Cruzeiro só ganhou mesmo, só tem mais títulos do que o Atlético mesmo, porque não o encontrou pela frente em suas conquistas.
A decepção é grande. A torcida foi em peso, e dói imaginar que muitos, muitos mesmo, se endividaram, tiraram, talvez, alimento de sua casa, para ir ao jogo de ontem. 200, 300, 400, 700 reais. Um dinheiro absurdo pra vermos um time medíocre jogar. Sim, medíocre. O Cruzeiro foi brilhante durante o ano, mas foi medíocre ontem, além de usurpar muito dinheiro dos apaixonados pelo clube.
Nessas horas que repensamos ser torcedor. Perder, faz parte, e o Cruzeiro tem muito mais vitórias do que derrotas, mas preferimos ver um time perdedor com vontade, garra, dando sangue em campo, honrando o dinheiro suado pago pelo torcedor, do que 11 jogadores que, estavam ali apenas por obrigação profissional.
Cruzeiro 2013 e 2014, um time maravilhoso. Cruzeiro, 26 de novembro de 2014: o time mais ridículo de toda a história de seu futebol.
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